sexta-feira, 11 de junho de 2010

Textos Motivadores da Produção de Texto Semanal - 8º Anos CDB

Conforme prometido na aula de hoje, abaixo estão as poesias trabalhadas em sala de aula, Boa Leitura!!!

O Auto-Retrato - Mário Quintana

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!


Com licença poética - Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta,
anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me
cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem
dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a
sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição
pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.

Retrato - Cecília Meirelles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim
magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

http://www.vidaslusofonas.pt/cecilia_meireles.htm


Auto-Retrato Falado - Manoel de Barros


Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.

Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.

Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão,

aves, pessoas humildes, árvores e rios.

Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar

entre pedras e lagartos.

Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto

meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou

abençoado a garças.

Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que

fui salvo.

Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.

Os bois me recriam.

Agora eu sou tão ocaso!

Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço

coisas inúteis.

No meu morrer tem uma dor de árvore.


Querem ler mais, entrem no site: http://www.releituras.com/index.asp


Um comentário:

Anônimo disse...

obrigadooooo