segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

8o Ano - Graciliano Ramos e Heloísa Medeiros

Graciliano Ramos
"Começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas
com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos
estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei,
ainda nos podemos mexer"


Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas, filho primogênito dos dezesseis que teriam seus pais, Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Viveu sua infância nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE), sob o regime das secas e das suas que lhe eram aplicadas por seu pai, o que o fez alimentar, desde cedo, a idéia de que todas as relações humanas são regidas pela violência. Em seu livro autobiográfico "Infância", assim se referia a seus pais: "Um homem sério, de testa larga (...), dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda; uma senhora enfezada, agressiva, ranzinza (...), olhos maus que em momentos de cólera se inflamavam com um brilho de loucura".
Em 1894, a família muda-se para Buíque (PE), onde o escritor tem contacto com as primeiras letras.
Em 1904, retornam ao Estado de Alagoas, indo morara em Viçosa. Lá,Graciliano cria um jornalzinho dedicado às crianças, o "Dilúculo". Posteriormente, redige o jornal "Echo Viçosense", que tinha entre seus redatores seu mentor intelectual, Mário Venâncio.
Em 1905 vai para Maceió, onde freqüenta, por pouco tempo, o Colégio Quinze de Março, dirigido pelo professor Agnelo Marques Barbosa.
Com o suicídio de Mário Venâncio, em fevereiro de 1906, o "Echo" deixa de circular. Graciliano publica na revista carioca "O Malho" sonetos sob o pseudônimo de Feliciano de Olivença.
Em 1909, passa a colaborar com o "Jornal de Alagoas", de Maceió, publicando o soneto "Céptico" sob o pseudônimo de Almeida Cunha. Até 1913, nesse jornal, usa outros pseudônimos: S. de Almeida Cunha, Soares de Almeida Cunha e Lambda, este usado em trabalhos de prosa. Até 1915 colabora com "O Malho", usando alguns dos pseudônimos citados e o de Soeiro Lobato.
Em 1910, responde a inquérito literário movido pelo Jornal de Alagoas, de Maceió. Em outubro, muda-se para Palmeira dos Índios, onde passa a residir.
Passa a colaborar com o "Correio de Maceió", em 1911, sob o pseudônimo de Soares Lobato.
Em 1914, embarca para o Rio de Janeiro (RJ) no vapor Itassuoê. Nesse ano e parte do ano seguinte, trabalha como revisor de provas tipográficas nos jornais cariocas "Correio da Manhã", "A Tarde" e "O Século". Colaborando com o "Jornal de Alagoas" e com o fluminense "Paraíba do Sul", sob as iniciais R.O. (Ramos de Oliveira). Volta a Palmeira dos Índios, em meados de 1915, onde trabalha como jornalista e comerciante. Casa-se com Maria Augusta Ramos.
Sua esposa falece em 1920, deixando quatro filhos menores.
Em 1927, é eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, cargo no qual é empossado em 1928. Ao escrever o seu primeiro relatório ao governador Álvaro Paes, “um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928”, publicado pela Imprensa Oficial de Alagoas em 1929, a verve do escritor se revela ao abordar assuntos rotineiros de uma administração municipal. No ano seguinte, 1930, volta o então prefeito Graciliano Ramos com um novo relatório ao governador que, ainda em nossos dias, não se pode ler sem um sorriso nos lábios, tal a forma sui generis em que é apresentado. Dois anos depois, renuncia ao cargo de prefeito e se muda para a cidade de Maceió, onde é nomeado diretor da Imprensa Oficial. Casa-se com Heloisa Medeiros. Colabora com jornais usando o pseudônimo de Lúcio Guedes.
Demite-se do cargo de diretor da Imprensa Oficial e volta a Palmeira dos Índios, onde funda urna escola no interior da sacristia da igreja Matriz e inicia os primeiros capítulos do romance São Bernardo.
O ano de 1933 marca o lançamento de seu primeiro livro, "Caetés", que já trazia consigo o pessimismo que marcou sua obra. Esse romance Gracilianovinha escrevendo desde 1925.
No ano seguinte, publica "São Bernardo". Falece seu pai, em Palmeira dos Índios.
Em março de 1936, acusado — sem que a acusação fosse formalizada — de ter conspirado no malsucedido levante comunista de novembro de 1935, é demitido, preso em Maceió e enviado a Recife, onde é embarcado com destino ao Rio de Janeiro no navio "Manaus". com outros 115 presos. O país estava sob a ditadura de Vargas e do poderoso coronel Filinto Müller. No período em que esteve preso no Rio, até janeiro de 1937, passou pelo Pavilhão dos Primários da Casa de Detenção, pela Colônia Correcional de Dois Rios (na Ilha Grande), voltou à Casa de Detenção e, por fim, pela Sala da Capela de Correção. Seu livro "Angústia" é lançado no mês de agosto daquele ano. Esse romance é agraciado, nesse mesmo ano, com o prêmio "Lima Barreto", concedido pela "Revista Acadêmica".
Foi libertado e passou a trabalhar como copidesque em jornais do Rio de Janeiro, em 1937. Em maio, a "Revista Acadêmica" dedica-lhe uma edição especial, de número 27 - ano III, com treze artigos sobre o autor. Recebe o prêmio "Literatura Infantil", do Ministério da Educação", com "A terra dos meninos pelados."
Em 1938, publica seu famoso romance "Vidas secas". No ano seguinte é nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro.
Em 1940, freqüenta assiduamente a sede da revista "Diretrizes", junto de Álvaro Moreira, Joel Silveira, José Lins do Rego e outros "conhecidos comunistas e elementos de esquerda", como consta de sua ficha na polícia política. Traduz "Memórias de um negro", do americano Booker T. Washington, publicado pela Editora Nacional, S. Paulo.
Publica uma série de crônicas sob o título "Quadros e Costumes do Nordeste" na revista "Política", do Rio de Janeiro.
Em 1942, recebe o prêmio "Felipe de Oliveira" pelo conjunto de sua obra, por ocasião do jantar comemorativo a seus 50 anos. O romance "Brandão entre o mar e o amor", escrito em parceria com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz é publicado pela Livraria Martins, S. Paulo.
Em 1943, falece sua mãe em Palmeira dos Índios.
Lança, em 1944, o livro de literatura infantil "Histórias de Alexandre". Seu livro "Angústia" é publicado no Uruguai.
Filia-se ao Partido Comunista, em 1945, ano em que são lançados "Dois dedos" e o livro de memórias "Infância".
O escritor Antônio Cândido publica, nessa época, uma série de cinco artigos sobre a obra de Graciliano no jornal "Diário de São Paulo", que o autor responde por carta. Esse material transformou-se no livro "Ficção e Confissão".
Em 1946, publica "Histórias incompletas", que reúne os contos de "Dois dedos", o conto inédito "Luciana", três capítulos de "Vidas secas" e quatro capítulos de "Infância".
Os contos de "Insônia" são publicados em 1947.
O livro "Infância" é publicado no Uruguai, em 1948.
Traduz, em 1950, o famoso romance "A Peste", de Albert Camus, cujo lançamento se dá nesse mesmo ano pela José Olympio.
Em 1951, elege-se presidente da Associação Brasileira de Escritores, tendo sido reeleito em 1962. O livro "Sete histórias verdadeiras", extraídas do livro "Histórias de Alexandre", é publicado.
Em abril de 1952, viaja em companhia de sua segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, à Tcheco-Eslováquia e Rússia, onde teve alguns de seus romances traduzidos. Visita, também, a França e Portugal. Ao retornar, em 16 de junho, já enfermo, decide ir a Buenos Aires, Argentina, onde se submete a tratamento de pulmão, em setembro daquele ano. É operado, mas os médicos não lhe dão muito tempo de vida. A passagem de seus sessenta anos é lembrada em sessão solene no salão nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em sessão presidida por Peregrino Júnior, da Academia Brasileira de Letras. Sobre sua obra e sua personalidade falaram Jorge Amado, Peregrino Júnior, Miécio Tati, Heraldo Bruno, José Lins do Rego e outros. Em seu nome, falou sua filha Clara Ramos.
No janeiro ano seguinte, 1953, é internado na Casa de Saúde e Maternidade S. Vitor, onde vem a falecer, vitimado pelo câncer, no dia 20 de março, às 5:35 horas de uma sexta-feira. É publicado o livro "Memórias do cárcere", queGraciliano não chegou a concluir, tendo ficado sem o capítulo final.
Postumamente, são publicados os seguintes livros: "Viagem", 1954, "Linhas tortas", "Viventes das Alagoas" e "Alexandre e outros heróis", em 1962, e "Cartas", 1980, uma reunião de sua correspondência.
Seus livros "São Bernardo" e "Insônia" são publicados em Portugal, em 1957 e 1962, respectivamente. O livro "Vidas secas" recebe o prêmio "Fundação William Faulkner", na Virginia, USA.
Em 1963, o 10º aniversário da morte de Mestre Graça, como era chamado pelos amigos, é lembrado com as exposições "Retrospectiva das Obras de Graciliano Ramos", em Curitiba (PR), e "Exposição Graciliano Ramos", realizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Em 1965, seu romance "Caetés" é publicado em Portugal.
Seus livros "Vidas secas" e "Memórias do cárcere" são adaptados para o cinema por Nelson Pereira dos Santos, em 1963 e 1983, respectivamente. O filme "Vidas secas" obtem os prêmios "Catholique International du Cinema" e "Ciudad de Valladolid" (Espanha). Leon Hirszman dirige "São Bernardo", em 1980.
Em 1970, "Memórias do cárcere" é publicado em Portugal. 
Bibliografia: 
- Caetés - romance
- São Bernardo - romance
- Angústia - romance
- Vidas secas - romance
- Infância - memórias
- Dois dedos - contos
- Insônia - contos
- Memórias do cárcere - memórias
- Viagem - impressões sobre a Tcheco-Eslováquia e a URSS.
- Linhas tortas - crônicas
- Viventes das Alagoas - crônicas
- Alexandre e outros irmãos (Histórias de Alexandre, A terra dos meninos pelados e Pequena história da República).
- Cartas - correspondência pessoal.

Dados extraídos de livros do autor, internet e caderno "Mais!", da Folha de São Paulo, edição de 09/03/2003.
Heloísa de Medeiros Ramos nasceu em Maceió no dia 11 de janeiro de 1910, e faleceu em 23 de julho de 1999. Aos dezoito anos casou-se com o viúvo Graciliano Ramos, herdando do relacionamento anterior os enteados: Márcio, Júnio, Múcio e Maria Augusta. De sua união com o escritor nasceram mais quatro filhos: Ricardo, Roberto, Luiza e Clara. Enviuvou muito cedo, aos 43 anos de idade, no dia 20 de março de 1953. E nunca mais se casou. Iria dedicar o resto de sua vida à administração da obra de Graciliano Ramos.
Heloísa cumpria uma rotina diária abnegada. Levantava-se relativamente tarde, já que detestava acordar cedo, e logo estava em seu gabinete trabalhando. Lia todos os jornais importantes do dia, além de algumas revistas. As referências ao ex-marido eram recortadas e arquivadas. Graças a este expediente, pode doar mais tarde ao IEB, Instituto de Estudos Brasileiros, localizado na USP, um acervo importante e completo sobre Graciliano Ramos. Qualquer pesquisador que deseje estudar a obra dele encontrará à sua disposição
Heloísa, aos 17 anos, 1927


Maria Augusta, Múcio, Júnio e Márcio, os quatro primeiros filhos de GR, 1922 (aprox.)

Graciliano e Heloísa. Rio de Janeiro, 1944
Heloísa com os netos Elizabeth, Ricardo Filho, Fernanda e Beatriz. Salvador, 31/out/1998
documentos, artigos, fotos, vasto material capaz de enriquecer as mais variadas teses. Heloísa, porém, fazia mais do que isso. Revisava novas edições, negociava contratos, comunicava-se com editores e interessados em publicar Graciliano. Facilitava-lhe a tarefa sua excelente capacidade em relacionar-se. Falante ao extremo, alegre e desenvolta, sempre foi pessoa de fácil acesso. E assim passou seus dias, anos, a vida inteira. Levando muito a sério o ofício de conduzir o legado literário de meu avô, tornou-se figura indispensável quando se pensa no percurso cumprido pelos livros do velho Graça até os dias de hoje. As edições bem cuidadas e presentes nas livrarias, são ainda hoje reflexo do trabalho por ela iniciado, e continuado pela filha Luiza Ramos Amado.
Não resisto aqui à tentação. Afirmo que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Faço-o divertindo-me saudoso, e consciente de todo o incômodo que provocaria em minha avó ao dizer tal asneira. Pelo preconceito que há no conceito popular, pela ojeriza que ela tinha em ouvir lugares comuns. Até hoje, quando falo com meus irmãos e primos, costumamos lembrar vovó quando usamos frases feitas. Sempre rindo da reação imediata de desagrado dela ao ouvi-las e pedindo licença à sua memória. Mas Heloísa Ramos, independentemente de qualquer colocação em tom de galhofa que se faça, foi mesmo uma pessoa muito especial. Corajosa, sem papas na língua, ciosa de suas responsabilidades. Em 1980, por exemplo, escreveu nota para a primeira edição de Cartas, de Graciliano Ramos, justificando esse lançamento: “Convenço-me da necessidade de publicar a correspondência íntima de Graciliano Ramos, falecido há 27 anos. Durante tão longo tempo esses papéis permaneceram comigo, parte da minha saudade. Graciliano preservava a sua identidade ao ponto de não permitir intrusões em seu espaço pessoal, era avesso a qualquer publicidade, muito contido em suas relações com terceiros e dizia que só após vinte anos de sua morte se deveria publicar seus inéditos (...)”. Ela esperou um pouco mais.
Registrei as impressões que tenho dela em um livro, Sobre o telhado das árvores, memórias infantis publicadas pela Ed. Globo em 2008. Vó Lozinha, como preferíamos chamá-la, gostava de repetir uma história. Falava sempre de uma pergunta que lhe fiz quando era menino:
- Vó, por que os passarinhos não caem do telhado das árvores?

Ria da pergunta que considerava poética. Hoje, quase sessentão, sei que muito do que sou foi conseqüência do meu relacionamento na infância com ela.
Aos sete anos de idade pedi que me contasse uma história. Apresentou-me Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Mais tarde terminei sozinho e foi o primeiro livro que li. A imagem que fiz de Dona Benta, por sinal, foi guiada pelos sentimentos em relação à minha avó. O mesmo tipo de delicadeza, atenção aos netos, disposição para gastar tempo com eles. Devo muito ao carinho que me transmitiu.
Aos domingos, por volta de seis da tarde, ligava-me de Maceió. Entusiasmava-se. Política, fofocas familiares, reminiscências do tempo em que era mocinha, emendava um assunto no outro sem tomar fôlego. Às vezes, sentindo-lhe a respiração difícil tentava, preocupado, interrompê-la. Quem disse que ela queria respirar? Despedia-se sempre carinhosa, declarando seu amor, abrandando a voz num quase murmúrio que afagava minha cabeça. Minhas tardes de domingo eram muito especiais. Hoje, certamente, ela seria uma jovem senhora de cem anos.
Referência:
RAMOS, Graciliano, Cartas a Heloísa, SMC Secretaria Municapal de Cultura de São Paulo, edição comemorativa do centenário de Graciliano Ramos, 1992, p.31
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 *Ricardo Filho é escritor.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

7o ano - Gália

O termo Gália é usado para referir, quer o moderno território francês (do mesmo modo que um português se pode referir ao seu país como Lusitânia), quer a antiga região povoada pelos Gauleses (que era, no entanto, um pouco mais vasta que a moderna França), e que constituiu uma província do Império Romano
Gália era o nome romano dado, na Antiguidade, para as terras dos celtas na Europa ocidental. Ela compreende o atual território da França, algumas partes da Bélgica e da Alemanha e o Norte de Itália. Dividia-se em duas regiões: 
Gália Cisalpina (aquém dos Alpes, relativamente aos romanos), que compreendia a Itália setentrional e foi por muito tempo ocupada por tribos gaulesas
Gália Transalpina (além dos Alpes), vasta região (a costa sul da atual França e seu interior), situada entre os Alpes, os Pireneus, o Atlântico e o Rio Reno

(Os diferentes povos gauleses antes da conquista romana.)

Habitada por grande número de tribos celtas (gaulesas, entre outras), iberos, lígures, armóricos, a Gália Transalpina foi o centro de uma civilização influenciada, desde o século VI a.C., por duas correntes de civilização helênica (Mediterrâneo e Alpes). A Gália tinha forte organização religiosa (assembleia anual dos druidas). Os Gauleses dedicavam-se principalmente à agricultura e dividiam as terras por tribos. Nos séculos III e IV a.C., invadiram o norte da Itália.

As lutas civis enfraqueceram-na: em 222 a.C., o território ao sul dos Alpes foi declarado província romana, sob a denominação de Gália Cisalpina; em 125 a.C., osromanos anexaram o corredor do Ródano e o Languedoc. O rio Rubicão fazia parte da fronteira com a própria Itália. A área ao norte do rio Pó era conhecida como Gália Transpadana e ao sul como Gália Cispadana. Do outro lado dos Alpes tinha a Gália Transalpina, ou simplesmente Província (de onde provém a denominação atualProvença) após sua anexação em 121 a.C. Sua capital era Narbo.



Soldados gauleses.

Júlio César recebeu o comando das duas províncias gálicas em 59 a.C.. De 58 a 51 a.C., apoderou-se progressivamente de toda a Gália, apesar da oposição de vários chefes, notadamente de Vercingetórix, que, em 52 a.C., após ter promovido uma sublevação geral dos gauleses, se rendeu na Alésia sitiada. César, ao longo das guerras gálicas, expandiu a Gália Transalpina até o Atlântico, o canal da Mancha e o Rio Reno.

A cidadania romana foi estendida à Gália Transpadana por César em 49 a.C. e toda a Gália Cisalpina foi incorporada à Itália por Augusto, deixando com isto de ser província (a Gália Cispadana havia recebido a cidadania romana em 90 a.C.).



Charge retratando um gaulês.


Augusto, em 27 a.C., dividiu a Gália a norte dos Alpes em Gália Narbonense, que ficou sob o controle do Senado, e Gália Lugdunense ouLionense (Lyon), Gália Aquitânia e Gália Belga, que ficou sob sua própria administração. Lyon era a jurisdição da assembleia provincial das "Três Gálias".

Sob o Império, a Gália desfrutou de uma prosperidade efetiva; contudo, no século I d.C., houve algumas agitações nacionalistas (Cláudio Civilis,69). Os romanos protegeram a região contra as invasões germânicas, desenvolveram aí trabalhos públicos, e grandes cidades foram fundadas:Lyon, Arles, Toulouse, Bordéus, Lutécia (Paris). Por outro lado, a Gália foi cristianizada. No final do século III, alguns imperadores criaram um"império gálico" semi-independente, que serviu como engodo contra as invasões germânicas. O império ocidental, o império gálico, foi devastado pelos germanos (godos, hunos e vândalos) no século III. O território da Gália fraccionou-se quando, no século V, foi invadida pelosvisigodos, pelos burgúndios e pelos francos. Só voltou a unir-se sob o reinado do rei franco Clóvis, por volta do ano 500.


FONTE: WIKIPÉDIA

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

8o Ano - As Funções da Linguagem

Para entendermos com clareza as funções da linguagem, é bom primeiramente conhecermos as etapas da comunicação.
Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acontece somente quando falamos, estabelecemos um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente em todos (ou quase todos) os momentos.
Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho, com o livro que lemos, com a revista, com os documentos que manuseamos, através de nossos gestos, ações, até mesmo através de um beijo de “boa-noite”.

É o que diz Bordenave quando se refere à comunicação:

A comunicação confunde-se com a própria vida. Temos tanta
consciência de que comunicamos como de que respiramos ou
andamos. Somente percebemos a sua essencial importância
quando, por acidente ou uma doença, perdemos a capacidade
de nos comunicar. (Bordenave, 1986. p.17-9)

No ato de comunicação, percebemos a existência de alguns elementos, são eles:
a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas).
b) mensagem: é o contéudo (assunto) das informações que ora são transmitidas.
c) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.
d) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.
e) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá decodificar.
f) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.


Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson, linguista russo, elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são:

1. Função referencial: referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos textos jornalísticos.

2. Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor.

3. Função conativa: essa função procura organizar o texto de forma que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele comportamento.

4.Função fática: a palavra fático significa “ruído, rumor”. Foi utilizada inicialmente para designar certas formas usadas para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência.

5. Função metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente, ocorre a função metalinguística.

6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários.
Essas funções não são exploradas isoladamente; de modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos identificar a finalidade principal do texto.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

7o Ano - PEQUENO RESUMO DA ORIGEM DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS


Antes de tomar a sua atual forma nos Estados Unidos, a historia em quadrinhos foi prenunciada na Europa através de uma profusão de histórias em imagens, sem legendas ou ilustrando um texto, frequentemente hábeis produções de talentosos ilustradores, e largamente disseminadas pela imprensa e livros. A relação destas histórias em imagens com as histórias em quadrinhos é certa, sem dúvida mais que a influência das estampas de Epinal. Os dois grandes nomes são Topffer e Busch. Topffer devia influenciar diretamente Christophe e, com isso, dar origem à história em quadrinhos francesa. Busch encontra-se na origem da história em quadrinhos americana, criada por Hearst e Dirks.
Rodolphe Topffer 1799-1846 natural de Genebra, escritor, artista, professor da Universidade de Genebra, e autor de novelas e também de histórias em imagens, plenas de fantasia: as aventuras do Sr. Vieux-bois, do Sr. Cryptograme, do Sr. Jabot, reunidas, em 1846-47, sob o título Histoires em Estampes, tiveram grande sucesso e sua originalidade foi elogiada por Goethe. A narração é inteiramente figurada, as imagens numerosas, separadas verticalmente por um simples traço, colocadas sobre um breve texto. No fim de sua vida, a história em imagens se difundiu ainda mais com o Herr Piepmeyer de A. Schrodter 1848 e Monsi-eur Reac de Nadar 1848-49. Ela conheceu um grande impulso, na Alemanha, nos anos 1860-1870, graças a F. Steub 1844-1903 e principalmente a Wilhelm Busch 1832-1908. Busch e, de fato, menos achegado à história em quadrinhos que Topffer. Ele ilustra seus próprios poemas satíricos ou moralistas. O mais conhecido, Max und Moritz, conta as farsas e o fim atroz de dois garotos, e terá um grande papel –como inspiração e não como técnica – na gênese da história em quadrinhos americana. O "mal" humor de Busch é pesado e feroz, muito distante da fantasia de Topffer. Nos anos 1880, a história em imagens sem legendas invadiu as revistas francesas e tanto Caran d´Ache quanto Benjamin Rabier se destacaram neste gênero. Rabier terá uma longa carreira, especialista em álbuns de animais humorísticos para a juventude, ele está, no mais das vezes, a margem da histórias em quadrinhos.
Georges Colomb, que assinava Christophe, estabeleceu a fórmula que seria por muito tempo à da história em imagens européia, última experiência antes do surgimento da história em quadrinhos como seria criada nos Estados Unidos. Filho do diretor do colegio de Lure, pequena cidade do norte da França, Christophe ingressou na Escola Normal Superior em 1878, com Jaures, Bergson e Baudrillart. O gôsto pelo desenho fê-lo especializar-se em história natural. Após a sua saida do Normal, ele procura aumentar seu salário de professor com a venda de seus desenhos. Faz também histórias sem legendas e torna-se um colaborador frequênte do Petit Français Illustre, jornal para crianças. Embora venda seus desenhos, ele os faz para o seu filho e, quando este aprendeu a ler, introduziu a palavra em suas histórias.
O estilo de Christophe é muito superior ao que será produzido durante muito tempo por seus sucessores na história em quadrinhos francesa. Quase todos os seus desenhos mostram um notável encadeamento de movimentos de uma imagem ou outra. Ele sabe fragmentar a narração em pequenas imagens para expressar uma sucessão rapida de acontecimentos.
Acontece-lhe também de variar os formatos e empregar quadros alongados, dignos do cinemascope. A história é farta de achados narrativos: o agrupamento progressivo de uma multidão vista na vertical, nos Fenouillard, é um deles. Na mesma série, uma perseguição noturna no Japão é um modelo do gênero; notamos aí movimentos da lua que, de imagem em imagem, aparece cada vez mais alta por cima dos muros. Christophe pratica continuamente um contraponto irônico entre texto e imagem, onde a brutalidade do fato contrasta com a preciosidade da narrativa. Esse retraimento do narrador para com a ação cria às vezes, uma certa aparência de divertimento intelectual, único defeito da obra de Christophe.A Inglaterra pode também reinvidicar a invenção das histórias em quadrinhos com Ne´er-do-well Ally Sloper de W. F. Thomas, histórias em imagens, com um herói permanente, com legendas sob a imagem, surgida em 1884 e prosseguindo até 1920 com algumas interrupções. Após Ally Sloper apareceu Weary Willie and Tired Tim em 1896. Obra do desenhista Tom Brown, Weary Willie apareceu no jornal infantil Illustrated Chips e a fórmula era a mesma de Fenouillard: imagens sobre um texto muito copioso.

História em quadrinhos no Brasil

As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras. A publicação de revistas próprias de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do século XX. Mas, apesar do país contar com grandes artistas durante a história, a influência estrangeira sempre foi muito grande nessa área, com o mercado editoral dominado pelas publicações de quadrinhos americanos, europeus e japoneses. Atualmente, o estilo comics dossuper-heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos japoneses (conhecidos como Mangá). Artistas brasileiros têm trabalhado com ambos os estilos. No caso dos comics alguns já conquistaram fama internacional (como Roger Cruz que desenhou X-Men e Mike Deodato que desenhou ThorMulher Maravilha e outros).
A única vertente dos quadrinhos da qual se pode dizer que desenvolveu-se um conjunto de características profundamente nacional é a tira. Apesar de não ser originária do Brasil, no país ela desenvolveu características diferenciadas. Sob a influência da rebeldia contra a ditadura durante os anos 1960 e mais tarde de grandes nomes dos quadrinhos underground nos 80 (muitos dos quais ainda em atividade), a tira brasileira ganhou uma personalidade muito mais "ácida" e menos comportada do que a americana.

Primeiros quadrinhos


Primeira charge no Brasil (1837).

Angelo Agostini, pioneiro dos quadrinhos brasileiros.

Logotipo da revista O Tico-Tico (criada em 1905).
Os quadrinhos no Brasil possuem uma longa história, que remonta ao século XIX. Como charge, circulou o primeiro desenho em 1837, vendida em separado como uma litografia, de autoria de Manuel de Araújo Porto-alegre.[1] Esse autor depois criaria uma revista de humor político em 1844. Angelo Agostini continuou a tradição de introduzir desenhos com temas de sátira política e social nas publicações jornalísticas e populares brasileiras. Entre seus personagens populares desenhados como protagonistas de histórias em quadrinhos propriamente ditas estavam o "Zé Caipora" e Nhô-Quin" (1869).[2] Em 1905 surgiu a revista O Tico Tico, considerada a primeira revista de quadrinhos do Brasil,[3] com trabalhos de artistas nacionais como J. Carlos, primeiro brasileiro a desenhar um personagem Disney (Mickey Mouse).[4]
A partir dos anos 1930, houve uma retomada dos quadrinhos nacionais, com os artistas brasileiros trabalhando sob a influência estrangeira, como a produção de tiras de super-heróis (com a publicação de A Garra Cinzenta em 1937 no suplemento A Gazetinha)[5] e de terror, a partir da década de 1940,[6] com os jornais investindo nos chamados "suplementos juvenis", ideia trazida da imprensa americana (que lançou as sessões de tiras dominicais) por Adolfo Aizen.[7] Em 1939 foi lançada a revista O Gibi, nome que se tornaria sinônimo de revista em quadrinhos no Brasil.[8]
Continuando com a tradição dos cartuns e charges, se destacaria o cartunista Belmonte, criador do Juca Pato. Em 1942 surgiu oAmigo da Onça, célebre personagem que aparecia na revista jornalística O Cruzeiro.
No início dos anos 1950, novos quadrinistas brasileiros que iam aparecendo não conseguiram trabalhar com personagens próprios em função da resistência dos editores. Álvaro de Moya produziu capas de o Pato Donald para a Editora Abril,[9] muitas vezes sem ser creditado. Vários artista brasileiros e estrangeiros passaram a receber os devidos créditos após a criação do site Inducks.[10] Há ainda o desenho de Gutemberg Monteiro, que foi trabalhar no mercado americano, ilustrando com muito sucesso os quadrinhos de Tom & Jerry.[11]
Em 1952, a Editora Abril adotou o formatinho, dimensões menores do que as revistas estrangeiras e que gradualmente se tornou o formato padrão em publicações brasileiras de histórias em quadrinhos.[12]
EBAL de Adolfo Aizen, empenhada em demonstrar o potencial educacional dos quadrinhos (que nessa época estavam sob críticas moralistas, principalmente nos Estados Unidos), contratou alguns artistas para desenharem matéria cultural como adaptações de obras literárias e episódios da história do Brasil na revista Edição Maravilhosa[13][14] (ver artigo: Histórias em quadrinhos e a educação no Brasil). No gênero do faroeste/cangaço apareceu Milton Ribeiro, O Cangaceiro (inspirado no ator do filme O Cangaceiro) de Gedeone Malagola[15][16][17] e a revista do Jerônimo, o Herói do Sertão, publicada pela RGE em 1957, desenhada por Edmundo Rodrigues e que foi baseada em uma novela de rádio.[18]
Nos anos 1950, surgiram também os primeiros trabalhos independentes de Carlos Zéfiro, autor dos catecismos (quadrinhos eróticos).[7]
Foi no formato de tira que estrearam os personagens de Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, no fim de 1959. O cãozinho Bidu foi o primeiro personagem da Turma que, além das tiras de jornal, teve uma revista publicada pela Editora Continental.[19] A Turma da Mônica começou a ser publicada pela Editora Abril em 1970, depois em (1987) pela Editora Globo e a partir de 2007 pelaEditora Panini. Recentemente foi lançado Turma da Mônica Jovem - versão adolescente da Turma em estilo mangá.


anos 1960


Desenho do Menino Maluquinho.
Em 1960 foi vencida a resistência dos editores e surgiu uma revista em quadrinhos com personagens e temas brasileiros. Foi A Turma do Pererê com texto e ilustrações de Ziraldo (mesmo autor de O Menino Maluquinho). O personagem principal era um saci e não raro suas aventuras tinham um fundo ecológico ou educacional. O cartunista Henfil continuou com a tradição da "tira" com seus personagens contestadores Graúna e Os Fradinhos.
Os quadrinhos de super-heróis tiveram vários personagens brasileiros lançados em revista nessa época: Capitão 7 (mistura de Flash Gordon com Super-Homem), Escorpião (cópia do O Fantasma),[20] Raio Negro de Gedeone Malagola, (baseado no Lanterna Verde da Era de Prata), Targo, (cópia de Tarzan).[20]No estilo policial foi criado o "O Anjo", desenhado por Flávio Colin (citado como o melhor desenhista brasileiro)[21]) que originou o filme O Escorpião Escarlate.[22] No faroeste apareceu a tira do gaúcho Fidêncio, de Júlio Shimamoto[23] e a adaptação de Juvêncio, o justiceiro do sertão pela Editora Prelúdio,[24]além dos quadrinistas de horror, que trabalharam nas revistas da Editora La Selva.[6]
Com o golpe militar houve uma nova onda de moralismo que bateu de frente com os quadrinhos. Em compensação, esse movimento inspirou publicações jornalísticas cheias de charges como O Pasquim que, embora perseguido pela censura, criticavam a ditadura incansavelmente.

O estilo mangá teve bastante influência nos quadrinhos de Claudio Seto e Minami Keizi
A Editora EDREL (Editora de Revistas e Livro) fundada por Minami Keizi em 1967, foi pioneira no estilo mangá no país, isso quando ainda não havia se tornado febre. Ilustradores como o próprio Keizi e Claudio Seto desenhavam nesse estilo. Na época causou estranheza e, por isso, os padrões norte-americanos e/ou europeu continuaram a ser seguidos pela maioria dos artistas nacionais, a Editora teve vários problemas com a censura por conta da publicações de quadrinhos eróticos[25].
Os quadrinhos terror fizeram bastante sucesso no país, entretanto, sua produção nos Estados Unidos foi interrompida por conta do Comics Code Authority,[6]um conjunto de regras e normas que implantaram a censura em quadrinho em meados da década de 1950,[7] a solução adotada pela editoras foi a criação de histórias brasleiras de terror, nesse contexto, autores como o italiano Eugênio Colonnese (criador de Mirza, a mulher vampiro) e o argentino Rodolfo Zalla(criador de Nádia, a filha de Drácula), Julio Shimamoto, Gedeone Malagola, Nico Rosso entre outros foram bastante ativos no gênero.[6]
Zalla e Colonnese fundaram na década de 1960, o Estúdio D-Arte, em 1981 o Estúdio virou uma editora e foi responsável pela públicação das revistas Calafrio eMestres do Terror.[26]
No final de 1969, a EBAL, por conta do cancelamento da Revista do Mestre Judoca (personagens da Charlton Comics nos EUA), encomenda a Pedro Anísio e Eduardo Baron um novo herói nacional: o artista marcial mascarado Judoka.[27][28][29] Considerado o principal super-herói brasileiro até então (ele apareceu em um filme de 1973 estrelado por Pedro Aguinaga e Elisângela).


anos 1970


Maurício de Sousa em 2003 durante a abertura da exposição "História em Quadrões". Na gravura da reprodução de "Lição de Anatomia", deRembrandt, aparecem seus principais personagens.

O Fantasma.
No início dos anos 1970 os quadrinhos infantis no país predominaram, com o início da publicação das revistas de Maurício de Sousa e a montagem pela Editora Abril de um estúdio artístico, dando oportunidade a que vários quadrinistas começassem a atuar profissionalmente, produzindo principalmente histórias do Zé Carioca e de vários personagens Disney,[30] mas também trabalhando com todos os personagens que a editora adquirira os direitos, como os da Hanna-Barbera. Artistas brasileiros continuaram a desenhar histórias de personagens infanto-juvenis estrangeiros, como os contratados pela RGE para darem continuidade à produção de histórias e capas das revistas de sucesso do O FantasmaCavaleiro NegroFlecha LigeiraRecruta Zero eMandrake.[31][32] Assim como os artistas da RGE, Gedeone Malagola escreveu roteiros para personagens como os X-Men,[33] Homem Mosca, Tor,[34]He-Man.[35] Pelas suas contas teria escrito 1500 roteiros,[36] a maioria não creditado.[37]
Os motivos da criação dessas histórias são:
1) As revistas em quadrinhos brasileiras costumavam ter mais páginas que um comic book tradicional de 22 páginas[38][39] Isso é uma herança dos suplementos de quadrinhos[40][41] e das antologias publicadas nos Estados Unidos[42][43][44][45]
2) Personagens cujas revistas foram canceladas no exterior fizeram relativo sucesso no país.[30][34]
A prática de se criarem histórias de artistas brasileiros usando personagens estrangeiros é observada desde O Tico Tico. Buster Brown ou (Chiquinho no Brasil) de Richard Felton Outcault foi o primeiro personagem estrangeiro escrito e desenhado por brasileiros.[46]
Vale mencionar a tentativa da Editora Abril em abrir espaço para personagens e autores brasileiros, com o lançamento da Revista Crás! (1974-1975),[47]que trazia alguns personagens satíricos como o Satanésio (de Ruy Perotti) e o Kaktus Kid (de Canini, conhecido desenhista brasileiro do Zé Carioca).
Nos anos 1970, começou a circular no Brasil a revista MAD em português, que além do material original, trazia trabalhos de artistas nacionais, com destaque para o do editor Ota. O sucesso desse lançamento, também fez surgirem revistas similares, como Pancada (da Abril) e Crazy (da Bloch Editores).
Aproveitando a onda do western spaghetti foram criados Johnny Pecos, ChetChacal, Katy Apache dentre outros.[48]
Na linha da crítica política e social apareceu a revista Balão, de autoria de Laerte e Luiz Gê e publicada por alunos da USP mas com curta duração de dez números. Alem da dupla de criadores, a revista revelou vários autores igualmente consagrados nacionalmente até hoje, como os irmãos Paulo e Chico CarusoXalberto, Sian e o incrível Guido (ou Gus), entre outros.
Em 1971, as regras do Comics Code se tornaram mais brandas. A Marvel Comics passou a publicar títulos de terror[49] e em meados da década de 1970, aBloch Editores que na época possuia licença dos Quadrinhos Marvel, resolveu publicar esses títulos no Brasil. Tal como acontecera com os título anteriores de terror, essas revistas também deram espaço para a produção local.[50]
Em 1976 a Editora Grafipar, que inicialmente publicou livros, resolveu entrar no mercado de quadrinhos. Em 1978, Claudio Seto montou um Núcleo de Quadrinhos na editora,[51] que teve nomes como Mozart CoutoWatson PortelaRodval Matias, Ataíde Braz, Sebastião Seabra, Franco de Rosa, Flávio ColinJúlio ShimamotoGedeone Malagola, entre outros.[52][53]


anos 1980

Nessa década se consolidou o trabalho artístico de vários quadrinistas brasileiros, tais como AngeliGlauco e Laerte, que vieram ajudar a estabelecer os quadrinhos underground no Brasil (aliás, alguns denominam de "overground", porque vendidos em banca; "underground" seriam "O Balão" e outras dos anos setenta, vendidas de mão em mão).
Outros rotularam esta turma como representantes do "pós-underground". Eles desenharam para a Circo Editorial em revistas como Circo e Chiclete com Banana. Os três cartunistas produziram em conjunto as aventuras de Los Três Amigos (sátira western com temáticas brasileiras) e separados renderam personagens como Rê BordosaGeraldãoOverman e Piratas do Tietê. Mais tarde juntou-se a "Los Três Amigos" o quadrinista gaúcho Adão Iturrusgarai. Mesmo com o falecimento de Glauco, a Folha de São Paulo publica tiras e cartuns dos quatro e foram lançados álbuns deles por diversas editoras (mas principalmente pela Devir Livraria). Outro quadrinista de sucesso na época e que continuou na década seguinte é Miguel Paiva, criador dos personagens "Radical Chic", "Gatão de Meia Idade" e desenhista das tiras do detetive "Ed Mort", famosos por também terem sido adaptados para televisão, teatro e cinema.
A Folha também publica tiras de Caco Galhardo (Pescoçudos) e Fernando Gonsales) (Níquel Náusea). Nesse período, muitas publicações independentes (fanzines) começaram a circular, aproveitando o boom das HQs no país em meados dos anos 1980 causado pelo sucesso da importação da produção internacional do material inovador que dera forma a chamada Era de Bronze dos quadrinhos. Uma dessas publicações de grande sucesso foi o fanzine SAGA, que inovou na época, ao trazer impressão profissional e capas coloridas, coisa totalmente incomum para um fanzine que via de regra eram feitos em copiadoras comuns. Seus membros continuam ativos, como Alexandre Jurkevicius e seu personagem Peralta, A. Librandi atua na área de promoção e Walter Junior continua ilustrando. Nessa época também foram publicadas as aventuras de Leão Negro, de Cynthia e Ofeliano de Almeida, divididas em tirasdo jornal O Globo, um álbum publicado no Brasil e em Portugal e revistas e fanzines especializados.
Em 1983, EBAL perde a licença dos personagens da DC Comics para a Editora Abril (que desde 1979 já publicava os heróis da Marvel)[13]


anos 1990

Na década de 1990, a História em Quadrinhos no Brasil ganhou impulso com a realização da 1ª e 2ª Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro em 1991 e 1993,[54] e a 3ª em 1997 em Belo Horizonte. Estes eventos, realizado em grande número dos centros culturais da cidade, em cada versão contou com público de algumas dezenas de milhares de pessoas, com a presença de inúmeros quadrinistas internacionais e praticamente todos os grandes nomes nacionais, exposições cenografadas, debates, filmes, cursos, RPG e todos os tipos de atividades.
Em 1995, a Editora Abril Jovem, sob a direção editorial de Elizabeth Del Fiore, assina contrato com os ilustradores Jóta e Sany, autores do gibi Turma do Barulho, cujo universo, diagramação e o design das personagens, inovavam em relação aos outros personagens da época. Através de uma linguagem irreverente, Toby, Babi, Milu, Kid Bestão, Bobi, entre outros, viviam aventuras dentro de um ambiente escolar longe de ser politicamente correto, onde os roteiros eram desenvolvidos a partir da idéia O humor pelo humor.O gibi Turma do Barulho foi um dos lançamentos que mais permaneceu no mercado naquele período, sendo publicado pela Abril Jovem e logo em seguida pela Press Editora.
Apesar do sucesso,não se sabe até hoje por que os autores pararam de publicar, retornando para as atividades como autores e ilustradores de livros infantis.
Nessa época também apareceu uma nova geração de quadrinistas que foram contratados para trabalhar com as grandes editoras americanas de super-heróis, Marvel e DC Comics: Mike Deodato e Luke Ross, dentre outros.
Apesar de continuar o lançamento de diversas revistas voltadas estritamente para a HQ nacional, como "Bundas" (já extinta), "Outra Coisa" (com informações sobre arte independente) e "Caô", pode-se considerar que o gênero ainda não conseguiu se firmar no Brasil.
Graças ao sucesso de Os Cavaleiros do Zodiaco e outros animes na TV aberta[55] começam a surgir novas revistas inspiradas na estética mangás como adaptações dos oficias video games daCapcom Street Fighter escrita por Marcelo Cassaro, Alexandre Nagado e Rodrigo de Góes, pela Editora Escala[56][57]Megaman e Hypercomix pela Editora Magnum (editora que publicava revista com sobre armas de fogo)[58], que teve a participação de artistas como Daniel HDR, Eduardo Francisco[59] e Érica Awano (onde os dois último fizeram sua estreia no mercado editorial),[60][61].
Entre 1997 e 1998 Marcelo Cassaro consegue licença para lançar adaptações de Street Fighter Zero 3Mortal Kombat 4 e lança suas HQs autorais Holy AvengerU.F.O. Team.[62]


Século XXI

No fim da década de 1990 e começo do século XXI, surgiram na internet diversas histórias em quadrinhos brasileiras, ganhando destaque a webcomics dos Combo Rangers, criados por Fábio Yabu e que tiveram três fases na internet (Combo Rangers, Combo Rangers Zero e Combo Rangers Revolution, que ficou incompleta), uma minissérie impressa e vendida nas bancas (Combo Rangers Revolution, Editora JBC, 2000, 3 edições) e que ganhou, posteriormente, uma revista mensal pela mesma JBC (12 edições, agosto de 2001 a julho de 2002) e continuada pela Panini Comics (10 edições, janeiro de 2003 a fevereiro de 2004) e os Amigos da Net, criado por Lipe Diaz e Gabriela Santos Mendes, premiados pela Expocom e veiculados pelos portais Ibest e Globo.com.
Editoras como Escala lançaram antologias de mangá inspirado em revistas japonesas,[63] publicando material inédito e de veteranos como Claudio SetoMozart Couto[64] e Watson Portela[65][66]
Em 2000, Marcelo Cassaro publicou pela Trama a revista Victory, que chegou a ter capa desenhada por Roger Cruz. Em 2003 chegou a ser publicada nos EUA pela Image Comics.[67]
Em 2001, a Editora Abril fecha seu Estúdio Disney[68] e deixa de produzir histórias no Brasil e passa publicar quadrinhos inéditos dos EUA e da Itália e reedições de histórias de produzidas no país.[69]
Em 2002, o personagem infantil Pequeno Ninja é publicado pela Editora Cristal em estilo mangá.[70] Em 2007, o personagem voltou a estilo infantil agora publicado pela On Line Editora.[71]
Em 2003, a Coleção Cabeça Oca, do goiano Christie Queiroz foi lançada (já são 8 volumes publicados)[72].
Em Dezembro de 2003, a Noblet lança a revista de terror Arrepio: quadrinhos aterrorizantes de Paulo Hamasaki[73], Hamasaki foi o primeiro diretor de arte dos Estúdios Mauricio de Sousa[74]
Entre 2003 e 2005, Marcelo Cassaro lança pela Mythos Dungeon Crawler, desenhada por Daniel HDR[75] e republicações de Holy Avenger, sob o título de Holy Avenger Reloaded.[76] O fanzine mangáEthora é publicado oficialmente em 2004 pela Editora Talismã (antiga Trama) como Ethora especial[77] e 2005 pela Kanetsu Press.[78][79]
Em Abril 2004, o quadrinista catarinense Samicler Gonçalves lança por sua própria editora o super-herói Cometa, a revista do herói possui periodicidade errática[80], no mesmo a Editora CLUQ lança o primeiro álbum da série/saga/nordestina: Cangaceiros - Homens de Couro, do autor Wilson Vieira, com capa de Mozart Couto e desenhos de Eugênio Colonnese[81].
Em 2005, a Editora Noblet lança outra revista do quadrinista Paulo Hamasaki, Cavaleiro do Oeste. A Noblet era uma das editoras especializada em faroeste nos anos 70[73] quando foram publicados títulos de Carabina Slim, Giddap Joe, Tex-Tone[73] e histórias de Fidêncio, o Gaucho.[82] Apesar do esforço, a revista só teve uma edição.[83]
A ND Editora resolve investir no gênero super-herói e lança em Abril do mesmo ano os Guerreiros da Tempestade[84]
Em novembro de 2006, a ND Editora anuncia que os Guerreiros da Tempestade ganhariam um filme de animação produzido pela Diler & Associados[85] A revista teve 12 edições pela ND Editora[86]
Em 2006, a Nomad Editora, faz o lançamento do álbum Western, Gringo - O Escolhido, do autor Wilson Vieira, com capa de Renato Guedes e desenhos de Aloísio de Castro.
Em 2007, a Panini Comics passa a publicar títulos da Turma da Mônica (anteriormente lançados pela Editora Globo).[87]
Em 2008, a Turma da Mônica ganha uma versão adolescente em estilo mangáTurma da Mônica Jovem pela Panini Comics[88]
No mesmo ano, a Editora Globo resolve se retirar do mercado de quadrinhos, As Organizações Globo publicavam quadrinhos desde de 1937, ano do lançamento de O Globo Juvenil.[89]
Em 2009 é a vez de Luluzinha ganhar uma versão "mangá" com o título Luluzinha Teen pela Pixel Media (selo da Ediouro).[90]
Uma nova revista dos Guerreiros da Tempestade foi lançada na XIV Bienal do Livro do Rio de Janeiro em setembro 2009, Segundo o autor Anísio Serrazul, o projeto do filme animado estaria em processo de captação.[91]
A Editora As Américas traz de volta a Turma do Arrepio[92]
Em março de 2010, a Editora Escala lança a revista Didi & Lili - Geração Mangá com versões mangá do personagem do humorista Renato Aragão e sua filha Lívian Aragão.[93] e a Editora As Américas lança uma nova série de faroeste, Apache de Tony Fernandes (um dos criadores do Pequeno Ninja),[94][95] outro título de faroeste foi lançado pela editora Independente Ink Blood Comics, trata-se de uma nova revista de Chet, criação dos irmãos Wilde e Watson Portela publicado entre meados da década de 1970 e início da década de 1980.[96]
Ainda em 2010 são lançados dois álbuns de quadrinhos inspirados no cangaço, Bando de dois de Danilo Beyruth lançado pela Zarabatana Books[97] e O Cabra de Flávio Luiz. Enquanto Bando de dois tem uma temática mais realista, O Cabra apresenta um cenário de um futuro alternativo.[98]
Newpop Editora publica uma edição encadernada do mangá Zucker do Studio Seasons, publicada de forma seriada na revista Neo Tokyo da Editora Escala, foi anunciado pela editora uma versão mangá de Helena do romancista Machado de Assis também produzida pelo Estúdio[99]
Outros títulos em mangá lançados em 2010 pela HQM EditoraVitral e O Príncipe do Best Seller do Futago Studio[100]
Em 2011, surge "Almanaque Ação Magazine" uma nova tentativa de antologia de mangá pela Lancaster Editorial, trazendo 160 páginas no formato 16 x 23 cm[101].
Também em 2011, o roteirista JM Trevisan e o desenhista lançam a webcomic "Ledd", tal qual Holy Avenger, a HQ é ambientada no universo ficcional de Tormenta, a revista terá versão encadernada pela Jambô Editora[102].

A Jambô já havia publicado outra HQ baseada em Tormenta, DBride, publicada originalmente nas páginas da revista Dragon Slayer da Escala[103].


Principais artistas

Henfil certamente é um dos quadrinistas mais conhecidos do Brasil. Tornou-se primeiramente conhecido em Belo Horizonte, mas ele nasceu de fato na cidade de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana daquela cidade. Tendo publicado seu primeiro trabalho em 1964, Henfil teve vários problemas com o governo ditatorial de então. Entretanto o movimento pós ditadura apresentou um cenário novo, no qual novos artistas puderam expor o seu talento.
Dentre os quadrinistas mineiros, Lacarmélio Alfeo de Araújo, criador do personagem Celton, tornou-se símbolo da cidade de Belo Horizonte, tendo recebido homenagens em todas as instâncias administrativas.

Fonte Wikipédia